Eleições

Debate mostra personalidade dos candidatos ao Governo do Estado

Published

em

O primeiro debate televisionado entre os candidatos ao Governo de Santa Catarina, promovido pelo SBT, em Florianópolis, serviu para apresentar um pouco do perfil de cada concorrente para os eleitores catarinenses. Dividido em quatro partes, o confronto teve dois blocos de perguntas formuladas entre os participantes, com tema livre, e um com perguntas definidas pela produção do programa. O último, trouxe perguntas feitas por lideranças empresariais, comunitárias e de entidades.

Mediado pelo jornalista e colunista político Cláudio Prisco Paraíso, o debate durou, exatamente, 1h45min e mostrou candidatos comedidos, uma vez que houve alfinetadas, porém, nenhuma ofensa.

Participaram seis, dos nove candidatos ao governo, seguindo a lei eleitoral, que determina a participação em debates de candidatos que tenham representatividade mínima de cinco deputados na Câmara Federal.

Participaram da mesa-redonda Carlos Moisés da Silva (PSL), Décio Lima (PT), Gelson Merisio (PSD), Jessé Pereira (Patriota), Leonel Camasão (PSOL) e Mauro Mariani (MDB). Os outros três candidatos,  Ângelo Castro (PCO), Ingrid Assis (PSTU) e Rogério Portanova (Rede), por não terem a representatividade mínima, ficaram de fora.

Durante o debate, todos os candidatos, com exceção de Merisio, citaram problemas da atual gestão; e todos, exceto Jessé, apresentaram soluções de acordo com seus planos de governo. O tempo de pergunta e resposta foi, rigorosamente, obedecido pelos participantes.

Carlos Moisés (PSL)

Com uma postura completamente inversa do seu correligionário, o presidenciável Jair Bolsonaro, Carlos Moisés manteve durante todo o debate a postura calma e comedida. Apesar de ser um ilustre desconhecido do cenário político, falou com propriedade de todos os assuntos que foi questionado.

Sobre segurança pública, foi abrangente e defendeu que “é preciso ressocializar o detento e investir mais em segurança pública”, discurso oposto ao já conhecido “bandido bom é bandido morto”, de Bolsonaro.

No quarto bloco, em resposta à pergunta do presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, afirmou que o Estado precisa investir em infraestrutura para escoar a produção e fazer crescer o agronegócio.

Décio Lima (PT)

Focado e mostrando tranquilidade, Décio Lima foi o único candidato a ser questionado sobre um tema recorrente na atualidade: políticas de combate à violência contra as mulheres. A oportunidade seria perfeita para destacar que o governo petista criou duas importantes leis (Maria da Penha e Feminicídio), porém, o candidato limitou-se a fazer comentários genéricos e usou seu tempo de resposta para afirmar que a PEC do Teto dos Gastos, defendida por Mariani (autor da pergunta), reduz investimentos que poderiam ser convertidos em políticas públicas de proteção à sociedade.

No quarto bloco, questionado pelo presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Neivo Luiz Panho, Décio afirmou as cooperativas são um instrumento desafiador na ausência do Estado. “Quero promover a abertura de crédito para os cooperados e promover o crescimento dos empreendedores.”

Gelson Merisio (PSD)

Aparentemente alienado aos problemas enfrentados pela atual gestão, Merisio manteve um discurso morno e com tom positivo, ignorando as alfinetadas dos adversários sobre os erros do seu partido enquanto estava no comando do Estado.

Sobre suas propostas para a educação, o candidato foi genérico ao afirmar que “é preciso valorizar os professores melhorando o salário e investindo em novas tecnologias para a sala de aula”.

No quarto bloco, Mário Cesar de Aguiar, presidente da Fiesc, questionou Merisio sobre a tributação para a indústria. Em sua resposta, o postulante ao cargo de governador se comprometeu em não aumentar a carga tributária. “No futuro, queremos reduzir a carga tributária e permitir que os recursos sejam investidos em áreas que promovam o crescimento.”

Jessé Pereira (Patriota)

Aparentemente perdido e se enrolando em seu próprio discurso, por vezes perdendo o timing, mas encerrando a fala ao ser interrompido pelo moderador, Jessé não respondeu com clareza a quase nenhuma das perguntas feitas por seus concorrentes.

Mencionou várias vezes Deus e religião e usou seguidamente a expressão “cortar a própria carne”, em referência a reduzir os gastos do governo. Também falou em criar um programa para geração de empregos e cobrar os empresários que devem ao Estado.

Jessé Pereira afirma que o Estado não tem que ser pequeno, mas mínimo. “Eu vou colocar o meu coração e a minha vida por você, sem privilégio para mim e para ninguém do governo.”

Respondendo Edson Garcia Fortuna, presidente da Associação de Praças do Estado de Santa Catarina (Aprasc), Jessé Pereira afirma que, se eleito, irá investir na polícia. “Somos parceiros dos militares e vamos valorizá-los, pois são eles que dão a vida pelo seu povo. Vamos dar aos militares tecnologia de ponta.”

Leonel Camasão (PSOL)

O mais ácido e crítico dos participantes, Camasão manteve um discurso retilíneo e, por coincidência, foi o candidato que mais respondeu questionamentos relacionados à geração de empregos. Em sua fala sobre o tema, afirmou que o desemprego é resultado da má gestão de Michel Temer (MDB).

Também defendeu a necessidade de uma reforma tributária que cobre menos dos pequenos negócios e onere mais os grandes empresários. “Precisamos revisar as isenções fiscais, pois esse recurso é fundamental para investir na geração de empregos.”

No quarto bloco, respondeu ao questionamento feito pelo presidente da OAB, Paulo Marcondes Brincas, afirmando que sua candidatura busca reverter o descrédito na política e que representa um movimento por uma nova Santa Catarina.

Mauro Mariani (PMDB)

Assim como Merísio, Mariani foi morno no debate e, por vezes, mesmo quando instigado, não apontava soluções para os problemas existentes. De forma genérica, disse que “o Estado precisa enxugar gastos desnecessários, melhorar os serviços públicos e prestigiar quem deseja investir”.

Foi o único candidato a fazer algum questionamento relacionado às políticas de combate à violência contra a mulher. Com a vaga resposta dada por Décio Lima, Mariani destacou a importância de oferecer acompanhamento psicológico às mulheres vítimas de violência, “estendendo a mão do Estado para proteger as mulheres catarinenses”.

No quarto bloco, em resposta ao presidente da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), Jonny Zulauf, Mariani disse que Santa Catarina precisa estabelecer um fundo estadual de infraestrutura para fazer a manutenção das rodovias. “Trabalharemos em parceria com os municípios para melhorar a mobilidade urbana nos grandes centros”.