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Carlos conquista pacientes lageanos

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Foto: Camila Paes

Mesmo com forte sotaque espanhol, é fácil entender o que o médico ortopedista Carlos Escobar Guevara fala. Seja porque ele passa certa tranquilidade ou devido a sua simpatia. Mas quem conversa com o médico, sente confiança. Por causa disso, é comum seus pacientes saírem do consultório satisfeitos e muitos, já curados.

Equatoriano, Carlos esteve em Lages pela primeira vez em 2008, quando passou três meses fazendo estágio em uma clínica ortopédica. Especializou-se em Belo Horizonte e voltou para a cidade com a esposa brasileira e um filho de três anos. Formado em Medicina no seu país natal, quando chegou ao Brasil, precisou estudar novamente para revalidar o diploma e conseguir o registro profissional. Entretanto, após passar na prova, só estava habilitado para atuar como clínico-geral.

Achar emprego foi difícil para Carlos. Por isso, pegou um ônibus ao descobrir que havia uma oportunidade em Vacaria, no Rio Grande do Sul. Não conseguiu o emprego devido ao sotaque. Quando voltava para a rodoviária, recebeu a proposta para fazer plantão três vezes por semana na cidade. Aceitou prontamente. Na sexta-feira, embarcava cedo para Vacaria e voltava no domingo à noite. À procura de mais oportunidades, passou a atender no Posto de Saúde do Bairro Várzea. Dessa forma, estava ocupado nos sete dias da semana. Foi assim, que o imigrante começou sua carreira no sul do Brasil.

Ortopedia

Para não deixar sua especialização de lado, fez prova para poder atender como ortopedista no Brasil. Após passar, surgiu a oportunidade de trabalhar em uma clínica particular, que não deu certo. Novamente, precisou ir à procura de emprego. Foi quando decidiu tentar a Policlínica Municipal. Ofereceu-se para atender de segunda-feira a sexta, o que surpreendeu os responsáveis, já que era difícil um profissional com essa disponibilidade. Desde 2016, o médico atende pacientes de ortopedia do Sistema Único de Saúde.

As consultas

O seu tratamento é elogiado por quem passa por seu escritório. As consultas costumam demorar mais que o normal, isso porque, a conversa é o tratamento inicial de Carlos. “Às vezes, só pela forma de andar do paciente, percebo que o problema vai muito além do físico”, ressalta. Essa forma de atendimento, Carlos aprendeu na universidade, no Equador. Ele relembra que, o atendimento sem sucesso a um paciente, podia resultar em reprovação da disciplina. Na época em que estudou, a universidade era completamente gratuita e sem processo seletivo para ingresso. “Mas como tudo tem um preço, era muito difícil permanecer. Éramos muito cobrados”, explica.

A diferença da forma de tratamento do médico no Equador e no Brasil surpreendeu o médico. Ele percebe que aqui, o médico e o paciente têm diferenças culturais muito grandes e isso faz com que pacientes se sintam acuados e passivos a maus atendimentos. Mas Carlos sempre carrega consigo os ensinamentos do pai, advogado de origem humilde: “Nunca se deve tirar a dignidades das pessoas. E, é triste quando o excepcional se torna rotina.”

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