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Cannes consagra nomes fortes e reverencia o cinema experimental

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Cannes (França), 23 maio/2010 (EFE).- O 63º Festival de Cannes terminou hoje com a entrega de prêmios que consagraram nomes fortes como a francesa Juliette Binoche e o espanhol Javier Bardem, mas que exaltaram um cinema mais experimental, com a entrega da Palma de Ouro ao poético filme do tailandês Apichatpong Weerasethakul.
Celebrado às margens da Côte d'Azur, o maior espetáculo europeu de cinema idolatrou o cinema francês, com a entrega de três dos principais prêmios a produções da França.
Além do prêmio de Melhor Atriz para Binoche por seu excelente trabalho em "Copie Conforme", do iraniano Abbas Kiarostami, os jurados também concederam o Grande Prêmio ao filme "Des Hommes et des Dieux", dirigido por Xavier Beauvois, e o de melhor direção para Mathieu Amalric, pela obra "Tournée".
O Melhor Roteiro foi para o sul-coreano Lee Chang-dong, pelo filme "Poetry", enquanto o Prêmio do Júri homenageou o chadiano "Un Homme qui Crie", de Mahamat-Saleh Haroun, o primeiro filme da África subsaariana a competir em Cannes em 13 anos.
A lista de prêmios reflete o desejo dos jurados de recompensar cinematografias alternativas, com visões de mundo diferentes e com uma perspectiva de que o presidente do júri, Tim Burton, assegurou em entrevista coletiva "nunca antes" ter visto.
O cineasta americano explicou que Weerasethakul levou o prêmio principal por "Lung Boonmee Raluek Chat" (O Tio Boonmee que Lembra de Vidas Passadas, em tradução livre), um filme que surpreendeu e impressionou todo o júri.
"Surpreendeu a todos. É muito diferente. Foi um dos primeiros filmes que vimos e ficou em nossas mentes. Você sempre quer ser surpreendido pelos filmes e foi isso o que aconteceu", explicou Tim Burton.
Outro dos jurados, o ator portorriquenho Benicio del Toro, ressaltou que o que mais lhe agradou no filme foi a forma de contar um dos grandes mistérios da vida, a morte.
Mas se a Palma de Ouro foi unânime entre os jurados, o mesmo não ocorreu na categoria interpretação masculina. Venceram o prêmio tanto o espanhol Javier Bardem, por "Biutiful", quanto o italiano Elio Germano, por "La Nostra Vita".
"São duas interpretações muito diferentes, mas ambas incríveis. Foi muito difícil para nós decidir e por isso premiamos os dois", explicou Burton.
O prêmio promove a carreira do italiano Germano e que representa uma nova grande conquista a Bardem, após vencer o Oscar, dois prêmios Volpi e uma lista interminável de homenagens internacionais.
Sua excelente interpretação de Uxbal, um homem desesperado e moribundo, no filme de Alejandro González Iñárritu, lhe valeu os aplausos da crítica em Cannes, onde desde o primeiro momento liderou todas as apostas ao prêmio.
O mesmo ocorreu com a francesa Juliette Binoche, que comoveu o público com a personagem Elle no filme de Abbas Kiarostami e para quem este prêmio é mais um ponto em outra carreira impressionante.
E além dessa honra a atores já consagrados, Cannes também premiou filmes muito mais atrevidos. Muito aplaudido, o sul-coreano Lee Chang-dong ganhou na categoria de Melhor Roteiro por "Poetry", um dos filmes mais poéticos dessa edição de Cannes, com uma soberba atuação de Yun Junghee.
Entre os pequenos, também brilhou no Prêmio do Júri o chadiano "Un Homme qui Crie", de Mahamat-Saleh Haroun, um filme com uma "conexão política e emocional que transcente" e uma história universal dentro do âmbito local.
"Uma tragédia grega que acontece no Chade, mas que pode acontecer em qualquer parte do mundo", disse o compositor Alexandre Desplat, membro do júri.
Igualmente bem recebido foi o Grande Prêmio para "Des Hommes et des Dieux", dirigido por Xavier Beauvois. Palmas também para o francês Mathieu Amalric, que obteve o prêmio de Melhor Direção por sua obra-prima como diretor, "Tournée".
A lista final de Cannes significou um resultado de "forte consenso" entre os jurados, explicou o diretor espanhol Víctor Erice. Segundo ele, "é o tempo que aplica a verdadeira justiça. O silêncio passa, o cinema fica".


Foto: EFE / Divulgação

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