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Ansiedade: O mal da vida contemporânea

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Fotos: Agnes Samantha Arte: Gisele Bineck

Se você questionar 20 pessoas sobre o tema conseguirá o diagnóstico de ansiedade para 22. Sim, além dela mesma, a pessoa ainda conseguirá citar alguém que conhece e sofre com isso.

Viver em estado frequente de nervos não é bom para ninguém. Mas, diferente do que muitas pessoas pensam, a ansiedade não é um mal, é necessária para o ser humano, assim como o medo ou a tristeza. Faz com que a pessoa anseie e mantenha-se em movimento.

O problema é quando ela chega a um nível muito alto e cria uma expectativa de ameaça, o que causa desconforto e preocupação com o futuro, e gera transtornos. Entre eles estão o Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG, Transtorno Obsessivo Compulsivo -TOC, Síndrome de Brown e Síndrome do Pânico.

A ansiedade pode ser leve, moderada e grave, causando sintomas como irritabilidade, preocupação antecipada, cansaço excessivo, tédio, déficit de memória, problemas no sono e na questão alimentar.

Maria (nome fictício), de 45 anos, é mestre em educação e faz terapia há aproximadamente três anos. Procurou ajuda após alguns problemas familiares e na vida amorosa.

Mas isso não é comum. As pessoas resistem ao fato de que precisam da ajuda de um profissional. A psicóloga Neusa Agustini trabalha com traumas, depressão, ansiedade e explica que o principal meio para as pessoas procurarem um psicólogo são as empresas, chefes ou colegas que percebem o distúrbio no comportamento. “Nós adultos vivemos no excesso, muitos cursos, trabalhamos demais e isso causa estresse, ” justifica.

É comum presenciarmos pessoas com insatisfação crônica, por não fazerem nada de diferente, cair em uma rotina ou trabalhar demais, desencadeando os transtornos e até mesmo a depressão.

Mas engana-se quem pensa que apenas adultos sofrem desse mal. Muitas crianças fazem tratamento para ansiedade, causada pelo excesso de informação que as fazem ficar inquietas e causam envelhecimento emocional precoce. “É muito acesso à internet, elas precisam brincar, fazer atividades para a idade delas. Crianças de 7 anos, hoje, tem mais informações do que os reis da antiga história, ” exemplifica Neusa.

A prevenção para ansiedade praticamente não existe. Segundo os profissionais, a saúde mental não é levada tão a sério quanto a física. Sendo que os problemas ocasionados na mente, geralmente, resultam em um problema físico.

A doença se desencadeia conforme a vida que se leva. “Quando percebemos o problema, procuramos auxílio das pessoas erradas, elas não compreendem o problema. Muitas vezes, acabam, até, denegrindo nossa imagem. O ideal, sempre, é procurar um profissional, ” orienta Maria.

 

A psicóloga Neusa lembra que é necessário curtir mais a vida. “Esquecemos do que é essencial, que é curtir os finais de semana, cuidar dos filhos, passear com os amigos, com a família, dar importância ao que realmente é importante. ”

Para o endocrinologista Fernando Coruja, um dos problemas mais comuns da ansiedade, atualmente, é a obesidade, gerada pela grande quantidade de comida industrializada, e pelo impulso das pessoas em comer. Perde-se o controle sobre a alimentação, supervalorizando-se pequenos problemas. “As pessoas criam leões imaginários, ” diz ele. “Acreditando que são nervosas pelo ganho do peso, mas, geralmente, é o contrário, precisam melhorar a cabeça para perder peso, ”. A ansiedade pode ser interna, genética ou se manifestar por um problema externo. Hoje em dia, o que mais funciona é a terapia cognitivo-comportamental (descobrir como mudar o comportamento em determinada situação), racionalizar para ver o que desencadeia a ansiedade. “De fato, a pessoa vê que aquilo já aconteceu outras vezes e não foi o caos que ela previu, ” comenta ele.